Relato sobre o XXII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU)

No período de 28 de novembro a 01 de dezembro de 2023 ocorreu o XXII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU). Esta edição foi em Florianópolis, SC, e as atividades ocorreram na Universidade Federal de Santa Catarina e no CentroSul. O tema do evento foi “Bibliotecas e sustentabilidade: inovação, ciência e sociedade”.

IX Reunião da Rede Norte de Repositórios Digitais

A programação dos primeiros dois dias de SNBU foi quase que interiramente composta por eventos complementares e workshops. Dentre eles, pude participar da IX Reunião da Rede Norte de Repositórios Digitais e foi uma ótima experiência, pois tive a oportunidade de conhecer um pouco das experiências da Rede Norte e da Rede Sudeste de Repositórios nos últimos anos.

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Serviço de Referência remoto não é novidade

Percebo uma comoção em muitos colegas ao falarem do recente boom de atividades de referência realizadas de maneira remota. De fato, essas atividades tem se ampliado de modo consistente em anos recentes. Além disso, o contexto que temos enfrentado nos últimos 12 meses também acabou por fazer com que os profissionais, alguns até então bastante resistentes ao uso de chat, vídeo chamadas e mídias sociais etc., desembarcassem nesses e em outros ambientes a fim de seguirem atuando junto a suas comunidades. Antes tarde do que mais tarde.

Porém, como costuma acontecer sempre que alguma novidade sacoleja as rotinas da Biblioteconomia, todas essas mudanças tem feito parte de nós nos esquecermos que o Serviço de Referência realizado de maneira remota não surgiu agora. Essa é uma prática de, pelo menos, 40 anos e que já se apoiou em muitas tecnologias diferentes.

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Origens conceituais do Serviço de Referência

Uma das mais antigas definições de Serviço de Referência (SR) é a da bibliotecária Alice Bertha Kroeger que definia o SR como sendo “parte administrativa da biblioteca, que dizia respeito à assistência aos leitores no uso das fontes da biblioteca” (KROEGER, 1908, p. IX, tradução minha). Um tanto reducionista, não acham?

Essa e outras definições do SR refletem o cenário que deu origem a esse tipo de atividade. Afinal, ela surgiu para ajudar as pessoas que iam até as bibliotecas na consulta do catálogo, pois esses instrumentos eram difíceis de manusear. Sobre a estrutura dos catálogos de biblioteca no período de transição do século XIX pro XX sabemos que eles se caracterizavam enquanto “[…] inventários de coleções (como livros de tombo), em geral organizados em códices, ou seja, na forma de livro (DOTTA ORTEGA, 2010, p. 4). Consultar esses livros de tombo era moroso e requeria certo grau de expertise técnica para garantir que nenhuma obra útil passasse desapercebida.

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O Serviço de Referência precisa ser ativo

Pensar sobre o Serviço de Referência (SR) é abrir as portas para o sonho. E, como ultimamente sonhar tem sido algo tão difícil, quase anárquico, é bom a gente poder falar sobre os sonhos, as ideias, os planos.

Antes de mais nada, é importante entendermos que o SR sempre esteve associado a inovação e pioneirismo, a mudanças estruturais nas bibliotecas e, por extensão, na Biblioteconomia. Um exemplo disso é o fato de que uma das primeiras divisões da American Library Association (ALA), criada em 1889, ter sido formada por profissionais que atuavam no setor de referência das bibliotecas.

Óbvio que o contexto social impacta o SR e que, sendo ele dinâmico, sempre estão ocorrendo transformações em suas práticas. Até porque, por ser um serviço, ele acaba sendo mais maleável e adaptável do que os produtos informacionais. Mas se é assim, por quais razões ainda tratamos o SR como algo passivo e que consiste, basicamente, em esperar?

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#Resenha – Olhares em movimento sobre a transversalidade dialógica da Biblioteconomia e Ciência da Informação

JESUS, Mirleno Livio Monteiro de; MOUTINHO, Sônia Oliveira Matos (Org.). Olhares em movimento sobre a transversalidade dialógica da Biblioteconomia e Ciência da Informação. Teresina: IFPI, 2019.

Essa coletânea chegou na minha estante ano passado durante a Bienal do Livro, foi presente do colega Hernandes Andrade, mas só recentemente concluí a leitura dela. São 10 capítulos cujo conteúdo mescla reflexões teóricas com a descrição e discussão de experiências práticas.

Como o próprio título indica, a proposta do livro é ser transversal e por isso os capítulos cobrem temáticas variadas tais como, estágio supervisionado, literatura de África, informação científica, práticas de leitura, biblioterapia, repositório institucional, cultura e memória.

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#Fichamento – Ambientes e fluxos de informação

VALENTIM, Marta (Org.). Ambientes e fluxos de informação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 281 p.

Informações gerais sobre a obra

Capa do livro "Ambientes e fluxos de informação"
#Acessibilidade: Capa do livro “Ambientes e fluxos de informação”. A capa é cinza e nela aparecem nome da organizadora, título e editora da obra.

Coletânea composta por 14 capítulos escritos por autoras/es brasileiras/os. Além de textos da própria organizadora da coletânea, constam textos de Regina Belluzzo, Oswaldo Almeida Junior, Bárbara Fadel, dentre outras/os. Essa obra recebeu, até a data dessa postagem, 93 citações segundo as métricas fornecidas pelo Google Acadêmico.

O principal ponto positivo desse livro é reunir textos sobre os fluxos de informação existentes para além da biblioteca. Bibliotecárias que atuam ou tem interesse de atuar no ambiente empresarial podem tirar bastante proveito da leitura desta obra.

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#Resenha – O negro na biblioteca

Os últimos anos viram um aumento na quantidade de obras que tem questões vinculadas a comunidade negra como norte. Exemplo disso são Mulheres negras na Biblioteconomia, Epistemologias negras: relações raciais na Biblioteconomia, dentre outras. Esses e outros trabalhos representam um significativo ganho qualitativo para a Biblioteconomia.

Apesar dos avanças ainda há muito que percorrer a fim de superar o peso de décadas de negligencia teórico-prática que ainda se fazem sentir na produção da área. Diante disso, é muito importante disseminarmos obras que contribuem para o fim dessa lacuna e uma dessas obras é o livro O negro na biblioteca: mediações da informação para construção da identidade negra, de Francilene Cardoso.

#PraCegoVer: Montagem mostrando no lado esquerdo a capa do livro resenhado e no lado direito uma citação dele. Na capa aparece uma mulher negra contando histórias para um grupos de crianças e, um pouco abaixo, o corredor de uma biblioteca. A citação usada é “Se na história da biblioteca pública raramente se preservaram as produções culturais de setores populares, na atualidade é basilar que se preserve a memória desses setores para que se construa uma biblioteca pública verdadeiramente democrática”
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#Resenha – Bibliotecas públicas, bibliotecários e censura na Era Vargas e Regime Militar

Hoje, 7 de janeiro, é dia do/a leitor/a. E essa, sem sombra de dúvidas, é uma data importante para quem faz parte (e quer que cada vez mais pessoas façam parte) do universo do livro e da leitura.

Esse universo da leitura, para se caracterizar enquanto tal, precisa ser diverso nas obras literárias e artísticas que abriga. Para manter essa diversidade, vez por outra, bibliotecárias precisam encarar um obstáculo chamado: censura. E é sobre essa relação entre bibliotecas – bibliotecárias/os – censura que obra aqui resenhada trata.

vendados

#PraCegoVer: Fotografia preto e branco da cabeça de uma mulher de perfil. Ela está vendada.

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#Resenha – Bibliotecas no Mundo Antigo

CASSON, Lionel. Bibliotecas no mundo antigo. Tradução de Cristina Antunes. São Paulo: Vestígio, 2018.

Capa do livro Bibliotecas no mundo antigo

#PraCegoVer: Capa do livro Bibliotecas no mundo antigo. Nela aparece a sala de uma biblioteca da Antiguidade com colunas decoradas. Ao fundo há uma estante onde homens procuram pergaminhos e a esquerda há uma mesa onde homens leem pergaminhos. Todos vestem túnicas coloridas.

Comprei esse livro por impulso por causa de uma promoção ótima da Amazon. Quando o livro chegou aqui em casa achei a capa bonita, mas o coloquei na pilha interminável de leituras pendentes. Por engano ele foi junto com alguns livros que levei pra estudar em Juazeiro (para quem chegou aqui agora, estou estudando na UFCA, então fico indo e vindo entre duas cidades) e, por isso, acabou se tornando uma leitura que fiz pra desopilar dos textos que estou lendo na pós-graduação. E olha, que ótima leitura ele se mostrou!

Lionel Casson (1914 – 2009) era professor emérito da Universidade de Nova Iorque. Sua especialidade era história marítima, mas ele também desenvolveu estudos sobre literatura grega. Ao longo de sua carreira, teve 23 livros publicados, além de trabalhos em outros formatos. Em 2005 foi agraciado pelo Archaeological Institute of America (Instituto Arqueológico da América) com a Gold Medal Award for Distinguished Archaeological Achievement que é um prêmio concedido aos pesquisadores que contribuíram de maneira notável para o desenvolvimento da arqueologia. Continuar lendo

#Resenha – Técnicas modernas de preservação & recuperação de acervos bibliográficos

GOMES, Gláucia; NOGUEIRA, Isabel; ABRUNHOSA, J. J. Técnicas modernas de preservação & recuperação de acervos bibliográficos. Nova Friburgo: Êxito Brasil, 2006.

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#PraCegoVer: Capa, em tons arroxeados, do livro resenhado na postagem. Além do título e do nome das autoras aparecem pilhas de papéis e, ao fundo, desfocadas, há estantes com mais pilhas de papéis. Fonte: Skoob

Antes de começar a resenha propriamente dita, um conselho: quando você estiver num evento da sua área e nele tiver uma banquinha vendendo livros e afins, passe pra dar uma olhada. Normalmente, itens legais costumam ser vendidos por lá.

Foi seguindo meu próprio maravilhoso conselho – agora compartilhado com vocês – que encontrei o livro do qual vou falar hoje. Não sou especialista na área de preservação de acervos, então o livro Técnicas modernas de preservação & recuperação de acervos bibliográficos acabou me ajudando a aprender mais um pouco e preencher algumas lacunas.

A obra está dividida em cinco capítulos. São eles: Introdução; o livro e seus componentes; Técnicas de preservação; Técnicas de recuperação e Técnica moderna de preservação de documentos e papéis por desacidificação. Continuar lendo