Pensar sobre o Serviço de Referência (SR) é abrir as portas para o sonho. E, como ultimamente sonhar tem sido algo tão difícil, quase anárquico, é bom a gente poder falar sobre os sonhos, as ideias, os planos.
Antes de mais nada, é importante entendermos que o SR sempre esteve associado a inovação e pioneirismo, a mudanças estruturais nas bibliotecas e, por extensão, na Biblioteconomia. Um exemplo disso é o fato de que uma das primeiras divisões da American Library Association (ALA), criada em 1889, ter sido formada por profissionais que atuavam no setor de referência das bibliotecas.
Óbvio que o contexto social impacta o SR e que, sendo ele dinâmico, sempre estão ocorrendo transformações em suas práticas. Até porque, por ser um serviço, ele acaba sendo mais maleável e adaptável do que os produtos informacionais. Mas se é assim, por quais razões ainda tratamos o SR como algo passivo e que consiste, basicamente, em esperar?
Atualmente o SR ainda é definido por termos como “auxílio”, “atendimento”, “apoio”, “assistência” e “suporte”. Embora ele seja tudo isso e dar apoio a outras atividades seja maravilhoso e extremamente importante, cabe fazermos o contraponto de que tal entendimento está pautado numa noção de passividade quando, na verdade, o SR precisa ser ativo, andar lado a lado e, em vários momentos, a frente (bem a frente, na verdade) da sua comunidade.
Se olhamos para trabalhos como o do Joseph Matthews vemos, inclusive, que para desenvolver bem suas atividades o SR deve partir das necessidades da comunidade e não somente das demandas. Para tal é indispensável abandonarmos a postura de “espera” tão associada a esse tipo de atividade.

Ou seja, mesmo que a comunidade não peça ou nem saiba que algo existe, a biblioteca tem que apresentar os recursos informacionais que podem atender suas necessidades de informação. E essa “apresentação” não pode ser apenas dizer que algo existe, mas pautar-se na construção de estratégias e recursos para que o público que a biblioteca atende tenha condições de compreender e se apropriar das ferramentas. Algumas possibilidades de recursos a serem utilizados são os materiais instrucionais, o uso de plataformas virtuais (carta, e-mail, mídias sociais, site etc.), a ação cultural e a educação de usuários. Para ficar só em alguns exemplos.
Vou finalizar esse texto com um convite para vocês: façam o Serviço de Referência das bibliotecas de vocês acontecer. E digo isso tendo em mente a frase de Karen Joy Fowler que, no livro Clube de Leitura de Jane Austen, definiu o bibliotecário de referência como alguém que gosta da perseguição. Vamos perseguir, buscar, construir esse Serviço de Referência propositivo.
REFERÊNCIAS
MATTHEWS, Joseph. Evaluation of reference services. In: MATTHEWS, Joseph. The evaluation and measurement of library services. Connecticut: Libraries Unlimited, 2007.
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SANTOS, Izabel Lima dos. O Serviço de Referência precisa ser ativo. In: SANTOS, Izabel Lima dos. Estante de Bibliotecária. Fortaleza, 19 mar. 2021. Disponível em: https://estantedebibliotecaria.com/2021/03/19/o-servico-de-referencia-precisa-ser-ativo/. Acesso em: dia mês ano.