Percebo uma comoção em muitos colegas ao falarem do recente boom de atividades de referência realizadas de maneira remota. De fato, essas atividades tem se ampliado de modo consistente em anos recentes. Além disso, o contexto que temos enfrentado nos últimos 12 meses também acabou por fazer com que os profissionais, alguns até então bastante resistentes ao uso de chat, vídeo chamadas e mídias sociais etc., desembarcassem nesses e em outros ambientes a fim de seguirem atuando junto a suas comunidades. Antes tarde do que mais tarde.
Porém, como costuma acontecer sempre que alguma novidade sacoleja as rotinas da Biblioteconomia, todas essas mudanças tem feito parte de nós nos esquecermos que o Serviço de Referência realizado de maneira remota não surgiu agora. Essa é uma prática de, pelo menos, 40 anos e que já se apoiou em muitas tecnologias diferentes.
Vamos começar pelo começo: Serviço de Referência Remoto não é um sinônimo perfeito para Serviço de Referência Virtual (SRV). Remoto significa, dentre outras coisas, algo que é feito à distância. Ou seja, atividades remotas podem ser realizadas através de ferramentas analógicas. Há exemplos de SR de largo alcance sendo realizado remotamente através do uso de cartas, telefone, fax etc. Duvida? Então, deixa eu te apresentar a um dos “tios” do nosso atual SRV: o RADIS.
Réponses à Distances (RADIS)

Realizado pela Bibliothèque Publique d’Information Centre Pompidou, o Réponses à distances (RADis) funcionou de 1977 a 2005. Originalmente, esse serviço usava apenas o telefone para responder as perguntas do público, mas, durante seus mais de 25 anos de existência, diferentes tecnologias e formatos foram usados para o fornecimento de informações a distância. Dentre elas estão carta, Minitel e, mais recentemente, a internet.
Por volta de 2006, o RADIS deixou de existir com esse nome e integrou-se a Eurêkoi, uma rede de bibliotecas francesas e belgas que auxilia pesquisas documentais na internet e em bases de dados de conteúdo especializado. Com isso, o RADIS mudou, mais uma vez, a fim de melhor aproveitar os recursos disponíveis para atender sua comunidade.
Neusa Dias de Macedo (1990) já dizia que o Serviço de Referência é interface entre informação e usuário. A trajetória do RADIS mostra como essa interface pode ser construída, inclusive a fim de realizar atividades remotas, fazendo uso das mais variadas ferramentas.
Referências
MACEDO, Neusa Dias de. Princípios e reflexões sobre o Serviço de Referência e Informação. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 23, n. 1/4, p. 9-37, jan./dez. 1990. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/392/366. Acesso em: 10 dez. 2019.
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SANTOS, Izabel Lima dos. Serviço de Referência remoto não é novidade. In: SANTOS, Izabel Lima dos. Estante de Bibliotecária. Fortaleza, 24 abr. 2021. Disponível em: https://estantedebibliotecaria.com/2021/04/24/servico-de-referencia-remoto-nao-e-novidade/. Acesso em: dia mês ano.