Relato sobre o XXII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU)

No período de 28 de novembro a 01 de dezembro de 2023 ocorreu o XXII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU). Esta edição foi em Florianópolis, SC, e as atividades ocorreram na Universidade Federal de Santa Catarina e no CentroSul. O tema do evento foi “Bibliotecas e sustentabilidade: inovação, ciência e sociedade”.

IX Reunião da Rede Norte de Repositórios Digitais

A programação dos primeiros dois dias de SNBU foi quase que interiramente composta por eventos complementares e workshops. Dentre eles, pude participar da IX Reunião da Rede Norte de Repositórios Digitais e foi uma ótima experiência, pois tive a oportunidade de conhecer um pouco das experiências da Rede Norte e da Rede Sudeste de Repositórios nos últimos anos.

Anotei vários insights pra pensar e trabalhar junto ao Repositório da instituição onde atuo. Temas como ética na pesquisa, autodepósito, métricas e divulgação dos repositórios foram alguns dos principais tópicos abordados. Se a temática dos repositórios lhe interessa, sugiro ficar ainda mais de olho na Fiocruz, pois tem novidade bacana sobre capacitação a vista.

Aproveitei que o Encontro foi na Biblioteca da UFSC para conhecê-la. Achei uma lindeza essa parede repleta de quadros que fica ao lado da rampa de acesso ao 1º andar.

Foto colorida em diagonal mostrando uma parede preta com várias pinturas multicoloridas. Na parte inferior da fotografia é possível ver parte do hall de entrada da biblioteca da UFSC.
Descrição: Foto colorida em diagonal mostrando uma parede preta com vários quadros multicoloridos. Na parte inferior da fotografia é possível ver parte do hall de entrada da biblioteca da UFSC. | Créditos da imagem: Izabel Lima

Programação principal do SNBU

A palestra de abertura, intitulada “Diversidade, inclusão e pertencimento”, da drag queen Rita von Hunty foi uma aula – e falo isso na melhor acepção que a palavra aula pode ter – sobre diversidade, linguagem, consciência de classe e educação enquanto elemento transformador. Sério! De longe uma das melhores palestras que já assisti em eventos da área de Biblioteconomia. Muito alinhada com uma série de discussões sociais que tem tudo, tudo a ver com as bibliotecas. Mereceu demais ser ovacionada de pé ao final da apresentação.

A quarta-feira, dia 29, foi corrida para mim, pois foi o dia de apresentar o trabalho que escrevi com as(os) colegas Fernando, Érika e Dioneide. Falamos sobre o processo de digitalização de trabalhos de conclusão de curso para inserção no RI. A apresentação aconteceu na mesa colaborativa sobre Repositórios institucionais. Sim, repositórios de novo. 😉

Mesa colaborativa foi o formato proposto pela comissão organizadora dessa edição do SNBU para as apresentações de trabalhos. E, para mim, esse foi um grande acerto. Espero, sinceramente, que o formato seja mantido em futuras edições, pois ele estimulou o que, para mim, deve ser o principal de uma apresentação: o debate entre participantes. Foi perceptível como público e autoras(es) dos trabalhos trocaram mais experiências nesse formato. Acho até que algumas discordâncias bem saudáveis surgiram justo por conta da estrutura mais horizontal das apresentações.

Trabalho apresentado, corri para participar da sessão de lançamento de livros. Fui especificamente lançar a coletânea “A Biblioteconomia sob olhar biográfico: abordagens sobre autores internacionais e nacionais“. Coletânea essa que organizei junto com o profº Jonathas Carvalho (UFCA). Além dessa coletânea, outras 10 obras foram lançadas no SNBU. A lista completa, incluindo links de acesso e informações de aquisição, pode ser consultada neste link.

No dia 30 foi a vez de, dentre outras atividades, prestigiar a palestra “Bibliotecas construindo o futuro com a sociedade”, da bibliotecária-chefe do MIT Chris Bourg. Já tinha lido relatos sobre a experiência da biblioteca do MIT nas negociações com as grandes editoras acadêmicas, mas poder ver esse relato ao vivo acrescentou novas camadas a minha percepção sobre o tema. A experiência da instituição com os processos de digitalização de acervo, luta para ampliar acesso aberto (tanto de publicações, quanto de dados), abertura para adapatar-se as características e necessidades da comunidade atendida, e a busca por otimizar recursos financeiros é interessantíssima.

Gostei bastante de como ela apresentou dados quantitativos e qualitativos bem contundentes sobre o impacto das medidas – especialmente as voltadas para digitalização e desenvolvimento de coleções – adotadas pela biblioteca. Isso me chamou atenção porque noto que a área de Biblioteconomia aqui no Brasil ainda está engatinhando no quesito desenvolvimento, adoção e acompanhamento de indicadores de bibliotecas. Ainda temos muito que avançar nesse sentido.

Para fechar meu comentário sobre a palestra da Chris destaco a seguinte fala dela sobre a biblioteca do MIT: “Somos uma plataforma de acesso criativa e não apenas uma biblioteca estática”. Antes da pausa pra vocês pensarem, trago o lembrete (pois já falamos disso aqui na Estante) de que criatividade é sobre mudança e capacidade de resolver problemas.

[Agora sim: pausa para vocês pensarem sobre a fala da Chris]

Como sempre, tiveram atividades que só consegui ver parcialmente, pois em eventos como o SNBU é comum que duas (ou mais) atividades interessantes ocorram simultaneamente e aí nossa atenção precisa se dividir. Tenho muita coisa anotada com ideias, provocações e dúvidas que o evento me suscitou, mas não é com elas que vou finalizar este texto.

Vou encerrar dizendo do quanto eu estava com saudade de um SNBU presencial. Estava com saudade de abraçar, dar risada, reclamar e debater com colegas presencialmente. Isso faz diferença. Espero, de verdade, conseguir manter as conversas iniciadas ou retomadas no evento e, espero mais ainda, poder reencontrar todo mundo em breve para mais momentos de troca de conhecimentos.

Ah, para você vislumbrar mais um pedacinho do SNBU 2023, recomendo a leitura do post da Marina Macambyra sobre o evento. Ela participou de algumas atividades, como a mesa colaborativa sobre catalogação, das quais não pude participar. Marina, dificilmente você vai ler isso, mas saiba que AMEI seu questionamento sobre ficha catalográfica.

É isso, pessoas. Meu relato sobre o SNBU está incompleto e chegou meio atrasado, mas vamos torcer para ele ser só o pontapé inicial nos posts do blog suscitados pelo que vi ao longo do evento. Até a próxima!

Comentários

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.