Origens conceituais do Serviço de Referência

Uma das mais antigas definições de Serviço de Referência (SR) é a da bibliotecária Alice Bertha Kroeger que definia o SR como sendo “parte administrativa da biblioteca, que dizia respeito à assistência aos leitores no uso das fontes da biblioteca” (KROEGER, 1908, p. IX, tradução minha). Um tanto reducionista, não acham?

Essa e outras definições do SR refletem o cenário que deu origem a esse tipo de atividade. Afinal, ela surgiu para ajudar as pessoas que iam até as bibliotecas na consulta do catálogo, pois esses instrumentos eram difíceis de manusear. Sobre a estrutura dos catálogos de biblioteca no período de transição do século XIX pro XX sabemos que eles se caracterizavam enquanto “[…] inventários de coleções (como livros de tombo), em geral organizados em códices, ou seja, na forma de livro (DOTTA ORTEGA, 2010, p. 4). Consultar esses livros de tombo era moroso e requeria certo grau de expertise técnica para garantir que nenhuma obra útil passasse desapercebida.

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Como fui de 2047 para 2007 seguidores no Instagram em uma tarde: faça você também isso no seu perfil

O título dessa postagem não é irônico. É só uma síntese – que me causa risos, mas que, provavelmente, irrita outras pessoas – do que tem norteado minha relação com as mídias sociais nos últimos tempos. Como toda síntese, ela é superficial, mas por ora vamos usá-la como base para as reflexões deste texto.

Eu produzo conteúdo porque quero me comunicar com as pessoas. Porque, assim como aprendo com projetos e materiais produzidos e/ou compartilhados por colegas, quero partilhar um pouco do que sei, penso, imagino, sinto e vivo. Produzo conteúdo porque estando eu nas margens, cavar meus próprios lugares para falar é indispensável. Produzo conteúdo porque, como diz namô, minha cabeça não para. Ou seja, como boa parte dos produtores, produzo conteúdo por motivos nobres, pero no mucho.

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O Serviço de Referência precisa ser ativo

Pensar sobre o Serviço de Referência (SR) é abrir as portas para o sonho. E, como ultimamente sonhar tem sido algo tão difícil, quase anárquico, é bom a gente poder falar sobre os sonhos, as ideias, os planos.

Antes de mais nada, é importante entendermos que o SR sempre esteve associado a inovação e pioneirismo, a mudanças estruturais nas bibliotecas e, por extensão, na Biblioteconomia. Um exemplo disso é o fato de que uma das primeiras divisões da American Library Association (ALA), criada em 1889, ter sido formada por profissionais que atuavam no setor de referência das bibliotecas.

Óbvio que o contexto social impacta o SR e que, sendo ele dinâmico, sempre estão ocorrendo transformações em suas práticas. Até porque, por ser um serviço, ele acaba sendo mais maleável e adaptável do que os produtos informacionais. Mas se é assim, por quais razões ainda tratamos o SR como algo passivo e que consiste, basicamente, em esperar?

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#Resenha – 100 nomes da edição no Brasil

MARQUES NETO, Leonardo. 100 nomes da edição no Brasil. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2020.

Em 100 nomes da edição no Brasil, Leonardo Neto se propõe a uma tarefa difícil: recuperar a trajetória das principais personalidades do universo brasileiro da edição de livros. A dificuldade da tarefa não vem apenas do fato de que muita gente boa ficou de fora (o que é praticamente impossível de não ocorrer em obras do tipo), mas também da carência de registros. Aqui parece que o dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau” se confirmou e aqueles responsáveis por produzir e divulgar livros nem sempre deixaram muitos registros de suas atividades.

Descrição da imagem: Figura com fundo simulando papel amassado. Na esquerda aparece a citação: “Os perfis foram levantados a partir de entrevistas, pesquisas em livros, em jornais de época e em estudos acadêmicos, que serviram de lastro para as histórias contadas neste volume”. (MARQUES NETO, 2020, p. 11). Na direita aparece a capa do livro resenhado. A capa é formada por várias letras de fontes diferentes no lado inferior direito sobre fundo com formas geométricas coloridas. Nela há título, autor e editora. / Créditos da imagem: Izabel Lima
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#Resenha – Livro: edição e tecnologias no século XXI

RIBEIRO, Ana Elisa. Livro: edição e tecnologias no século XXI. Belo Horizonte: Moinhos: Contafios, 2018. (Pensar Edição).

Em Livro: edição e tecnologias no século XXI, Ana Elisa Ribeiro reúne parte de sua produção sobre a área de edição, com especial atenção para as discussões realizadas sobre o tema no âmbito da área de Letras. Mesmo com esse recorte a obra traz apontamentos importantes para todas as pessoas que se interessam pelos processos de produção e circulação do livro.

O primeiro capítulo, intitulado Questões provisórias sobre literatura e tecnologia: um diálogo com Roger Chartier, a autora parte da produção do pesquisador francês para refletir sobre as dinâmicas envolvidas nos processos de escrita, edição e leitura de livros. Gostei, particularmente, da autora pensar as relações entre práticas analógicas de produção e uso dos livros e tecnologias digitais enquanto movimentos que se influenciam mutuamente e não como antagonistas.

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7 livros de escritoras cearenses para comemorar o 7 de janeiro lendo

Dia 7 de janeiro é Dia do(a) Leitor(a) e para comemorar a data listei 7 livros de escritoras cearenses para você conhecer.

Imagem com capas das sete obras indicadas na postagem.

Andira, de Rachel de Queiroz (Literatura Infantil)

Amo esse livro! Nele, Rachel de Queiroz conta a história de Andira, uma andorinha que, após ser abandonada, é criada por uma família de morcegos. Essa é uma bela história sobre família e sobre a busca e construção do nosso lugar no mundo. Li quando era criança (peguei na biblioteca) e carrego a história comigo até hoje.

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Exercício de Escrita #1

— Eita! Lá vem o Gabriel. Deve estar vindo reclamar das faltas que professor de geografia não quis abonar.

— Boa tarde, fessora! Posso entrar?

— Pode, Gabriel. Mas aviso que se for pra pedir pra abonar faltas da disciplina de geografia eu não vou intervir não. O que seu professor decidiu, está decidido. E também não vou passar atividade pra compensar. Fizemos isso semestre passado com as suas faltas e olha no que deu!? Tá faltando muito de novo.

— Mas fessora, tenho um bom motivo. Teve uma morte…

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6 ferramentas que uso para produzir conteúdo

Desde que comecei o blog (e todas as outras facetas que ele assumiu ao longo dos anos) as ferramentas que utilizo para organizar, rascunhar e dar forma definitiva as postagens mudaram um pouco. Na postagem de hoje compartilho as que mais tenho utilizado ao longo de 2020.

Fonte: Pixabay
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A janela, a cortina, o aviso e a dádiva**

Se mexeu na cama meio acordada, meio dormindo. Olhou em direção a janela e o sol quente, mesmo sendo ainda tão cedo, lhe atingiu em cheio o rosto e terminou o trabalho que o despertador tinha começado.

Tinha que comprar uma cortina pra janela, pensou. Pensava isso todas as manhãs. Nunca comprava a cortina.

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#Resenha – Gestão editorial de periódicos científicos

SILVEIRA, Lúcia; SILVA, Fabiano Couto Corrêa da (Org.). Gestão editorial de periódicos científicos: tendências e boas práticas. Florianópolis: BU Publicações/UFSC: Edições do Bosque, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/208652 Acesso em: 26 jul. 2020.

Essa coletânea se divide em 07 capítulos e tem como principal mérito discutir com propriedade aspectos do processo de editoração científica cuja literatura em língua portuguesa ainda é escassa.

O primeiro capítulo, intitulado Gestão editorial: tendências e desafios na transição para a ciência aberta, apresenta um breve histórico da evolução dos formatos e possibilidades para a comunicação científica para, a partir disso, discutir a ciência aberta com foco nas práticas editoriais abertas.

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