MARQUES NETO, Leonardo. 100 nomes da edição no Brasil. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2020.
Em 100 nomes da edição no Brasil, Leonardo Neto se propõe a uma tarefa difícil: recuperar a trajetória das principais personalidades do universo brasileiro da edição de livros. A dificuldade da tarefa não vem apenas do fato de que muita gente boa ficou de fora (o que é praticamente impossível de não ocorrer em obras do tipo), mas também da carência de registros. Aqui parece que o dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau” se confirmou e aqueles responsáveis por produzir e divulgar livros nem sempre deixaram muitos registros de suas atividades.

Realizado a partir de financiamento coletivo, a obra se divide em 6 partes e tenta montar um panorama do desenvolvimento do mercado editorial livreiro brasileiro do século XIX até o XXI. Recorte temporal amplo, mas que acaba contribuindo pra mostrar como fazer livro no Brasil sempre foi um perrengue, mas sempre teve gente muito dedicada e apaixonada por esse trabalho mantendo o mercado editorial de pé.
Li o livro enquanto bibliotecária interessada em editoração e, nesse sentido, a obra me trouxe várias informações novas sobre a história da edição no Brasil. Esse não é um livro técnico para você “aprender a editar livros”, mas sim para conhecer um pouco os caminhos percorridos por profissionais e editoras ao longo de suas trajetórias. Inclusive, gostei particularmente da obra ser centrada na trajetória profissional das pessoas. Também curti os capítulos dedicados aos primeiros editores a atuarem no Brasil, pois meu conhecimento sobre eles era nulo.
Tangenciando o assunto bibliotecas, foi bacana encontrar perfil do Wagner Amaro, bibliotecário e editor da Malê, na parte da obra dedicada a apresentar perfis de pessoas que, na opinião do autor, representam “O Futuro da edição”.
A edição é em capa dura e conta com fonte num tamanho muito bom para leitura e espaço para anotações nas margens (com esse comentário os puristas me cancelam), mas tem alguns probleminhas de revisão que, imagino eu, serão corrigidos em futuras reimpressões / edições.
Uma outra coisa que gostaria que fosse acrescentada numa nova edição é um índice remissivo. Sério! Acho que essa foi a primeira vez que terminei de ler um livro e senti muito a falta desse recurso. Tendo em vista que essa é uma obra que se pretende de referência, um índice remissivo tornaria mais fácil localizar informações sobre personalidades e editoras específicas que são mencionadas em diferentes pontos ao longo da obra. Fica aqui a sugestão.
Para concluir, se você se interessa por edição, especialmente de livros, vale a pena dedicar um tempo a essa leitura para conhecer um pouco de quem construiu esse mercado até aqui.