RIBEIRO, Ana Elisa. Livro: edição e tecnologias no século XXI. Belo Horizonte: Moinhos: Contafios, 2018. (Pensar Edição).
Em Livro: edição e tecnologias no século XXI, Ana Elisa Ribeiro reúne parte de sua produção sobre a área de edição, com especial atenção para as discussões realizadas sobre o tema no âmbito da área de Letras. Mesmo com esse recorte a obra traz apontamentos importantes para todas as pessoas que se interessam pelos processos de produção e circulação do livro.
O primeiro capítulo, intitulado Questões provisórias sobre literatura e tecnologia: um diálogo com Roger Chartier, a autora parte da produção do pesquisador francês para refletir sobre as dinâmicas envolvidas nos processos de escrita, edição e leitura de livros. Gostei, particularmente, da autora pensar as relações entre práticas analógicas de produção e uso dos livros e tecnologias digitais enquanto movimentos que se influenciam mutuamente e não como antagonistas.
No capítulo Autor, editor e livro literário: cenas contemporâneas das tecnologias do livro, a autora parte da pergunta “O que é editar?’ para discorrer sobre as relações, cujos limites são mais borrados do que se possa imaginar, entre autores e editores. Destaque para comentários sobre a trajetória de dois dos primeiros editores brasileiros – Baptiste Louis Garnier e Francisco de Paula Brito – e para a discussão sobre autopublicação.

O capítulo Ler na tela: o que é, hoje, um livro? traz uma discussão sobre as possibilidades e não possibilidades dos formatos que o livro eletrônico assume na contemporaneidade. Já no capítulo O que é e o que não é um livro: materialidades e processos editoriais, Ana Elisa se debruça sobre as discussões em torno do conceito de livro. Achei ótimo o apanhado e síntese de conceitos e discussões que ela apresenta neste capítulo.
O quinto capítulo possui formato de ensaio e é denominado O bibliógrafo digital: questões sobre a materialidade do livro no século XXI. Nele, a autora reflete sobre a relação, ainda em processo de lapidação, do bibliógrafo – pessoa que pesquisa e escreve sobre livros – com os livros digitais. O capítulo seguinte, que tem como título Literatura contemporânea brasileira, prêmios literários e livros digitais: um panorama em movimento, começa a preencher a lacuna de estudos sobre a história e papel dos prêmios literários no Brasil. Destaque para o fato da autora focalizar os prêmios que englobam o livro eletrônico em seu escopo.
Redes de edição e redes sociais: cruzamentos e questões é o último capítulo da coletânea e, a partir das falas de autoras(es) e editores, apresenta importantes apontamentos sobre o papel que as redes sociais – sejam elas analógicas ou digitais – desempenham nos fluxos de publicação.
Os sete textos que formam essa coletânea foram escritos em anos diferentes e contribuem para a construção de um panorama dos movimentos que os processos de edição/editoração têm enfrentado nos últimos anos. Muitos dos aspectos abordados na obra são seminais o que confere ao livro a potencialidade de fomentar outros estudos sobre os temas nele abordados.
E vocês, já conheciam esse livro? O que acharam? O que pensam sobre o tema? Me contem nos comentários.
Até a próxima postagem. 🙂