Também denominado de journal, learned journal, primary journal e scholarly journal, o periódico científico surgiu no século XVII em um momento de transformação do meio científico, pois foi nessa época que evidências baseadas na observação passaram a ser exigidas a fim de se comprovar o conhecimento científico.

Capa da 1ª edição do Journal des Sçavans. Fonte: Wikimedia Commons
O primeiro periódico científico foi o Journal des Sçavans, posteriormente nomeado de Journal des Savants, cujo primeiro número foi publicado em 5 de janeiro de 1665. Aproximadamente três meses depois foi lançado o Philosophical Transactions, pela Royal Society of London for Improving Natural Knowledge (FACHIN; HILLESHEIM, 2006). Apesar de ambos serem considerados periódicos científicos havia uma diferença no tipo de conteúdo. O Journal des Sçavans, além de divulgar experiências, publicava obituários e resumos de livros, enquanto o Philosophical Transactions tinha seu conteúdo formado exclusivamente por relatos de experiências científicas (MUELLER, 2000).
No Brasil, os primeiros periódicos científicos datam do século XIX sendo a Gazeta Médica do Rio de Janeiro, a Gazeta Médica da Bahia e a revista Brasil-Médico os títulos pioneiros. Este último título se destacou por publicar trabalhos de importantes pesquisadores brasileiros da época, como, por exemplo, os do médico sanitarista, cientista e bacteriologista Carlos Chagas. (FACHIN; HILLESHEIM, 2006).
Desde sua criação os periódicos científicos vem passando por diversas transformações sendo, atualmente, definidos como uma
[…] publicação seriada e periódica de números (ou fascículos) que se sucedem, sem fim previsto, ao longo dos anos. Os números são normalmente organizados em volumes e o conjunto todo é identificado pelo nome ou título do periódico, geralmente em formato abreviado, e também por números, como o International Standard Serial Number (ISSN). (PACKER, 2011, p. 30).
As características descritas na citação acima foram sendo agregadas aos periódicos científicos com o passar do tempo e fazem parte do processo de normalização e padronização das publicações periódicas. A evolução desses processos contribui tanto para organização posterior desse tipo de material quanto para que os periódicos científicos alcancem suas funções que são, segundo Fachin e Hillesheim (2006), o registro público do conhecimento, a função social (reconhecimento e prestígio dos autores) e a disseminação da informação.
Nas últimas décadas, os periódicos científicos passaram por transformações em seus formatos de apresentação e meios de divulgação graças ao desenvolvimento tecnológico. O avanço das tecnologias permitiu o desenvolvimento do periódico científico eletrônico. A divulgação de periódicos científicos no formato eletrônico trouxe vantagens e agregou valor para esse tipo de publicação, uma vez que os periódicos eletrônicos “[…] são um meio de comunicação extremamente versátil e rápido, que permite a divulgação da pesquisa imediatamente após sua conclusão […] minimizando barreiras hierárquicas e permitindo a recuperação de informações de várias maneiras.” (MUELLER, 2000, p. 83).
Todas essas transformações ajudaram os periódicos científicos a manter sua viabilidade e relevância enquanto canal de comunicação científica. Sendo assim organizar as coleções de títulos (impressos e digitais) que formam o setor de periódicos das bibliotecas é fundamental para que a disseminação da informação ocorra de maneira adequada.
SETOR DE PERIÓDICOS
O setor de periódicos é o espaço da biblioteca dedicado a guarda e disponibilização das publicações periódicas. A localização e ordenação desse espaço é definida tendo por base a estrutura, tanto física quanto organizacional, da instituição que os abriga. Entretanto, “Recomenda-se que este material seja disponibilizado em setor separado devido suas características específicas […]” (FACHIN; HILLESHEIM, 2006, p. 142-143). Caso não seja possível dispor de sala específica para alocação desse material é fundamental que a coleção de periódicos seja corretamente sinalizada a fim de evitar confusão entre ela e as demais partes integrantes do acervo.
A formação e organização de um setor de periódicos apresenta uma série de dificuldades, dentre elas, se destacam a “[…] enorme quantidade de títulos; grande variedade de tipos e de características físicas (formatos) e de conteúdo; o arquivamento, a guarda e a ordenação física […]; a manutenção e a conservação das coleções.” (FACHIN; HILLESHEIM, 2006, p. 131).
Todas essas variáveis, somadas às peculiaridades da comunidade de usuários que utilizará o material, precisam ser levadas em consideração no momento de avaliar e (re)organizar uma coleção. É importante frisar que esse processo de organização deve ser constante, uma vez que novos títulos surgem e estão propensos a integrarem o acervo da biblioteca e títulos que já integram a coleção podem deixar de ser relevantes para a instituição gerando, assim, a necessidade de descarte de material.
REFERÊNCIAS
FACHIN, Gleisy Regina Bories; HILLESHEIM, Araci Isaltina de Andrade. Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006.
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O periódico científico. In: CAMPELLO, Bernadete Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette Marguerite (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000. p. 73-96.
PACKER, Abel Laerte. Os periódicos brasileiros e a comunicação da pesquisa nacional. Revista USP, São Paulo, n.89, p. 26-61, mar./maio 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i89p26-61> Acesso em: 22 dez. 2017.