Miséria da biblioteca escolar – Resenha

SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. 3. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2003. (Questões da nossa época, 45).
Capa do livro "Miséria da biblioteca escolar"

Capa do livro “Miséria da biblioteca escolar”

O futuro das bibliotecas escolares de Fortaleza esteve em discussão no último mês. Discussão essa originada a partir da nada brilhante, porém não surpreendente proposta de alocação de professores afastados para administrar as bibliotecas escolares do município. Felizmente, a classe bibliotecária de Fortaleza está buscando evitar que essa alocação seja institucionalizada e sensibilizar a administração municipal para a necessidade de investir na melhoria da estrutura física das bibliotecas escolares e contratar (por meio de concurso público) bibliotecários para atuarem nas mesmas.
A boa notícia é que a proposta feita pelos bibliotecários, aparentemente, foi ouvida e será considerada e será considerada pela Comissão de Cultura, Desporto e Lazer da Câmara Municipal de Fortaleza. Enquanto esperamos (e cobramos) um desenrolar positivo para essa situação vamos falar um pouquinho de uma obra que discute o desmazelo com o qual a biblioteca escolar tem sido tratada historicamente no Brasil.

Se você não tem boas lembranças ou não tem nenhuma lembrança da presença da biblioteca durante seu período na escola, Waldeck Carneiro, no livro Miséria da Biblioteca Escolar, demonstra que você não está sozinho nessa situação, afinal a falta de cuidado e de investimento tem acompanhado as bibliotecas escolares brasileiras.

O primeiro capítulo trata da invisibilidade e do silêncio enfrentados por esse tipo de biblioteca. Waldeck demonstra como diversos segmentos sociais – autoridades, pesquisadores, professores e bibliotecários – muitas vezes se omitem diante da difícil situação enfrentada por essa biblioteca.

O segundo capítulo apresenta dados de pesquisa realizada pelo autor sobre a maneira como a biblioteca escolar aparece e tem seu uso estimulado (ou não) nos livros didáticos. O terceiro capítulo aborda as barreiras para a inserção efetiva da biblioteca no ambiente escolar. Nesse capítulo, o autor expõe causas e impactos dessa ausência  citando, inclusive, alguns que se originam fora do cenário escolar.

O quarto capítulo trata das possibilidades de uso da biblioteca na escola e o quinto capítulo demonstra que a temática e espaço da biblioteca escolar merecem um tratamento acadêmico-científico mais profundo e criterioso. Esse tratamento visa superar o desmazelo com que a biblioteca escolar é tratada, dando a ela novo fôlego e vitalidade para, enfim, exercer o importante papel de apoiar o processo de educação básica. O sexto e último capítulo traz uma série de caminhos que podem (precisam) ser trilhados por diversos setores da sociedade a fim de que se construa um futuro digno para as bibliotecas escolares e, por extensão, para as escolas brasileiras.

O livro do Waldeck Carneiro começou a ser construído entre 1989 e 1991 e de lá para cá a situação das bibliotecas escolares não mudou muito. No Plano Nacional de Educação (PNE), como bem ilustra o Prof. Jonathas Carvalho, as bibliotecas mal aparecem e a Lei 12,244/2010, conhecida como lei da biblioteca escolar, ainda está longe de sair do papel. O cenário é difícil e, justamente por isso, obras como Miséria da Biblioteca Escolar continuam sendo tão relevantes. Elas atuam não somente como um grito de socorro, mas também e, principalmente, como uma bússola, um norte que pode nos orientar na construção de uma nova realidade nas bibliotecas escolares.

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