Bibliotecária, sim. Super heroína, não.

Certa vez ouvi que “os bibliotecários são super-heróis todos os dias”. É uma frase bem bacana e que, com certeza, muita gente acha o máximo e considera uma boa descrição da profissão de bibliotecário.

De fato, nós bibliotecários desempenhamos muitas e diferentes funções. Funções essas que vão desde ensinar um usuário a buscar e encontrar livros no acervo até a gestão da biblioteca em si. Costumo dizer que pra bibliotecário não falta o que fazer numa biblioteca. É trabalho sem fim. Talvez por isso muita gente se considere um super herói.

Na série do Batman dos anos 60 o alter ego da Batgirl era a bibliotecária Barbara Gordon.

Na série Batman dos anos 60 o alter ego da Batgirl era a bibliotecária Barbara Gordon.

Bem, apesar do meu desejo quase infantil de querer ter superpoderes afirmo hoje, no dia do bibliotecário, que: EU NÃO SOU E NEM QUERO SER A SUPER BIBLIOTECÁRIA.

(Pausa para vocês ficaram 10 segundos em choque com o meu desplante).

Agora minha explicação.

Super heróis são seres que conseguem realizar as mais absurdas e enormes tarefas sozinhos, sem exigir ou necessitar de nada em troca. Eles atuam nas situações mais perigosas e regiões mais inóspitas do universo tranquilamente. Eles não tem descanso. São seres abnegados que colocam seu trabalho acima de qualquer coisa.

Bem, acho que nós bibliotecários não devemos agir como se fôssemos super heróis.

Realizamos tarefas imensas e difíceis em nossa profissão? Sim, mas é importante que tenhamos uma equipe de pessoas para nos auxiliar. É absurdo saber que existem locais em que o bibliotecário mal tem tempo de ir almoçar porque se ele sair da biblioteca não tem quem possa atender os usuários. Sim meus caros, ainda existem bibliotecas em que o profissional trabalha sozinho, tendo que se desdobrar em mil pra tentar fazer o trabalho decentemente.

Devemos sempre tentar fazer o melhor trabalho possível? Sim, mas também merecemos salários condizentes com nossa formação e atividades desempenhadas. Tem muito bibliotecário que trabalha feito um condenado, pra no fim do mês ganhar um salário de fome. Isso é inaceitável, por mais que amemos a nossa profissão, trabalhar só por amor não é uma opção.

Em alguns momentos realizamos atividades insalubres? Sim, bibliotecários que trabalham com restauração, por exemplo, ficam expostos a materiais químicos perigosos. Esse é apenas um dos motivos de necessitarmos de um ambiente com boas condições de trabalho. E essas condições não podem ficar restritas a materiais de segurança para restaurar acervo, mas devem se estender a estrutura tecnológica, de mobiliário, financeiras (boa parte das bibliotecas ainda vive na miséria), dentre outras para que o trabalho possa ser desempenhado de modo adequado.

Temos que nos dedicar ao nosso trabalho? Sim, mas nada de deixar de viver fora dele. Existe vida – e muita – para além dos livros. Tentem aproveitá-la.

Portanto, caríssimos colegas, meus votos de dia do bibliotecário é que nosso futuro seja bem sucedido e que nenhum de nós precise fingir ser o super-homem ou a batgirl para desempenhar seu trabalho.

Uma resposta em “Bibliotecária, sim. Super heroína, não.

  1. Muito bom! Carregar o mundo nas costas não é uma tarefa muito inteligente. Até porque, ninguém vai lembrar de tudo o que você fez de bom, mas no seu primeiro deslize as pedras virão com toda certeza. 😉

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