Benjamin Franklin Ramiz Galvão nasceu no município de Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 16 de junho de 1846. Entretanto, ainda na infância mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do Império, e foi nessa cidade que realizou toda sua formação intelectual, tendo estudado no Colégio Pedro II, uma das mais tradicionais e antigas instituições de ensino do país.
Ramiz Galvão tinha uma formação ampla, característica da época, atuou como médico na Guerra do Paraguai, chegando inclusive a lecionar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Além disso, lecionou grego, retórica, poética e literatura brasileira no Colégio Pedro II no período de 1869 – 1870. Tinha conhecimentos de filologia, oratória e era um biógrafo e bibliófilo apaixonado e dedicado aos livros.
Essa combinação ampla de conhecimentos o levou a assumir em 1870, aos 24 anos de idade, a direção da Biblioteca Imperial, atual Biblioteca Nacional, com a missão de substituir Frei Camilo de Monserrate. Na época em que Ramiz Galvão assumiu a biblioteca o título de “diretor” ainda não existia e “aquele que administrava a biblioteca era chamado, simplesmente, bibliotecário”. (CALDEIRA, 2010, p. 3).
Ao assumir a direção da Biblioteca Nacional, Ramiz Galvão deparou-se com uma série de desafios. O primeiro e mais preocupante deles era o estado de abandono no qual a biblioteca se encontrava. Tal situação devia-se ao fato dos poucos recursos financeiros destinados à instituição. Isso fez com que Ramiz Galvão escrevesse uma série de ofícios nos primeiros meses de sua gestão descrevendo a situação e cobrando das autoridades investimentos que permitissem melhorar a estrutura da biblioteca. Ramiz Galvão dedicou-se a tarefa de melhorar a estrutura da biblioteca a fim de que essa pudesse acomodar de forma mais adequada o acervo e receber satisfatoriamente aqueles que faziam uso de suas dependências.
As modificações realizadas por Ramiz Galvão na Biblioteca Nacional não se restringiram apenas a estrutura física da instituição. Ele também foi o responsável pela ampliação do horário de funcionamento da mesma, pois foi a partir da aprovação de um pedido seu que a biblioteca passou a funcionar no período diurno das 9 h às 15 h e no período noturno das 18 h às 21 h. A abertura da biblioteca no período da noite foi acolhida positivamente pelo público e comemorada por Ramiz Galvão que no relatório relativo ao período de janeiro a setembro de 1872 destacava satisfeito o fato de a biblioteca ter recebido 6555 leitores nesse período, sendo muitos dos quais só frequentavam a instituição à noite.
Ramiz Galvão não era bibliotecário de formação – uma vez que o curso de Biblioteconomia só foi oficialmente criado no Brasil em 1911 e só começou a funcionar, de fato, em 1915, na própria Biblioteca Nacional – entretanto “entre 1873 e 1874, […] realizou uma longa viagem ao exterior, com a missão oficial de estudar o funcionamento das bibliotecas públicas europeias” (TURAZZI, 2006, p.3) o que lhe permitiu tanto ampliar seus conhecimentos sobre esse tipo de instituição como ficar a par das práticas e do funcionamento das grandes bibliotecas europeias, instituições essas que serviam de referência para as demais naquele período.
Nos doze anos que ficou a frente da Biblioteca Nacional, Ramiz Galvão realizou um trabalho notável que, sem dúvidas, colaborou para que a atual Biblioteca Nacional adquirisse a envergadura mundial que possui atualmente. Por todos os serviços prestados Ramiz Galvão foi condecorado, em 1888, com o título de Barão de Ramiz.
Após o inestimável trabalho realizado na Biblioteca Nacional, Ramiz Galvão passou por outras instituições tais como a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira de número 32 e chegou a ser presidente em 1934; a Academia Nacional de Medicina e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Esse homem culto e, aparentemente, incansável, faleceu no Rio de Janeiro em 9 de março de 1938, aos 91 anos de idade.
+info
CALDEIRA, Ana Paula Sampaio. Viver em meio a livros: a atuação de Ramiz Galvão na Biblioteca Nacional (1870-1882). In: ENCONTRO REGIONAL DA ANPUH-RIO, 14., 2010, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos… Rio de Janeiro: ANPUH, 2010. Disponível em: http://goo.gl/R1bPFZ Acesso: 15 jan. 2014.
TURAZZI, Maria Inez. A Exposição de História do Brasil de 1881 e a construção do patrimônio iconográfico. In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA ANPUH-RJ, 12., 2006, Rio de Janeiro. Anais Eletrônicos… Rio de Janeiro: ANPUH, 2006. Disponível em: http://goo.gl/ECKUHS Acesso em: 15 jan. 2014.
SANTOS, Izabel Lima dos. Ramiz Galvão: visionário e trabalhado incansável. In: Encontro Nacional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação, 36., 2013, Recife. Disponível em: https://goo.gl/nYWwHx Acesso em: 16 mar. 2018.