Apenas mais uma resenha ou Ler devia ser como um romance

Ano novo, post novo!

Ok, sei que não estamos mais em clima de réveillon, mas como essa é a primeira postagem do Estante de Bibliotecária em 2015 não resisti ao trocadilho singelo.

Bem, ontem (07/janeiro) foi Dia  do leitor, então resolvi mudar a ordem das postagens e começar o ano com a resenha de um livro sobre leitura. Esse livro não é muito popular na Biblioteconomia, mas, particularmente, gosto bastante do modo como o autor expõe suas ideias acerca do tema.

Uma ex professora comentou uma única vez sobre esse livro. Ela disse que o havia lido há muito tempo e que o mesmo estava esgotado, portanto, era praticamente impossível de achá-lo. Porém, algum tempo atrás eu o encontrei numa livraria custando uma bagatela. Pesquisei rapidamente e vi que ele está disponível para venda em vários sites e custa não mais que 18 reais. Pena que não encontrei mais a professora para avisá-la que o livro foi reeditado.

Agora, chega de historinha. É hora da resenha.

PENNAC, Daniel. Como um romance. Porto Alegre, RS: L± Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 2008.

“[…] a leitura não é um ato de comunicação imediata, é, certamente, um objeto de partilhamento. Mas um partilhamento longamente retardado e violentamente seletivo.” (PENNAC, 2008, p. 77)

Capa do livro "Como um romance"

Capa do livro “Como um romance”

Como um romance não é um livro acadêmico. Não é um livro repleto de teorias ou com uma série de estudos que mostram que “ler é bom”. Se procura algo do tipo melhor ir a outro lugar, pois essa é uma obra que fala de leitura para leitores e não-leitores.

Existem muitos e ótimos trabalhos acadêmicos sobre leitura, mas um livro como o de Daniel Pennac se faz necessário para lembrar a todos – tanto leitores (e não-leitores) como os que fazem da leitura campo de atuação e militância – que ler é, antes de mais nada, um direito. Sendo direito não cabe nele o, tantas vezes repetido, imperativo da obrigação: “leia!” E é justo essa incompatibilidade entre a obrigação de ler e o gostar de ler que Daniel Pennac mostra ao longo das 150 páginas desse livro.

Ao longo do livro, com uma prosa leve, o autor mostra como a imposição dogmática da leitura destrói leitores. O texto de Pennac nos leva a refletir sobre alguns dos lugares comuns propagados acerca da leitura e, sobretudo, da não-leitura.

O autor elenca os “Direitos do leitor” e por meio deles demonstra que a leitura só pode existir enquanto hábito prazeroso se for permitido aqueles que leem construirem uma relação íntima e própria com a leitura. Relação essa que tem como pressuposto “o direito de não ler”, pois, parafraseando Pennac devemos ensinar e estimular as crianças (e os adultos) a lerem, permitindo assim que sejam capazes de avaliar se e quando necessitam de livros, necessitam ler.

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