A postagem de hoje é especial, pois vou falar do livro recém-publicado Os óculos mágicos de Celeste, da escritora cearense e minha amiga querida Nadine Araujo Urçulino. Assim como eu, a Nadine também é bibliotecária e nos conhecemos na graduação. Recentemente, ela publicou seu primeiro livro infantil, que tem como mote a história de Celeste, uma garota daltônica aprendendo a conviver com essa condição genética.

Nadine já se debruça sobre o tema do daltonismo desde o TCC na faculdade, então foi muito legal acompanhar o processo dela transpondo tudo que sabe sobre a questão para um novo formato. Vem conhecer ela e seu livro! 🙂

Vamos começar pelo começo, se apresenta pra gente, Nadine.

Oi pessoal, me chamo Nadine. Nasci e fui criada no interior do Ceará, litoral oeste, numa cidade chamada Trairi. Sou filha de agricultora e pescador. Desde pequena sou uma leitora ávida, já ganhei medalha e um dicionário por ser a maior leitora da escola. Escolhi me graduar em Biblioteconomia quando tinha 10 anos porque meu sonho era passar o dia lendo em uma biblioteca – a inocência. Trabalhei com produção de livros didáticos durante 9 anos, cuidando da Iconografia e dos Direitos Autorais. Comecei a escrever no blog Saber Iconográfico na época, parei com as publicações por lá, mas pode ser que um dia eu volte. Atualmente trabalho como bibliotecária escolar, supervisionando 35 bibliotecas escolares municipais na cidade de Fortaleza. Nas horas vagas sou boleira, fotógrafa, dinda, tia. Tenho o hábito de escrever em agenda, e postar crônicas das minhas aventuras no transporte coletivo nos meus stories do Instagram. Acabei de publicar meu primeiro livro infanto juvenil através de um Edital de Artes da cidade de Fortaleza.

Seu livro tem um tema (daltonismo) pouco abordado na literatura de modo geral e na infanto juvenil em particular, o que te fez escrever sobre ele?

Na graduação passei dois anos pesquisando sobre o tema para produzir a minha monografia ‘A adaptação da Classificação por cores em bibliotecas escolares para pessoas daltônicas’. No campo da literatura, encontrei algumas publicações sobre meninos daltônicos, mas nenhuma sobre meninas, talvez por ser raro uma mulher daltônica. Tive a ideia de escrever esse livro em 2018, durante uma oficina de escrita criativa que você me convidou (o “você” aqui sou eu, gente. Ou seja, a literatura brasileira me deve essa). Eu estava lendo sobre a importância da representatividade na época, então quis trazer visibilidade sobre o daltonismo em meninas. Guardei minhas anotações até 2022, quando tive a oportunidade de me inscrever no Edital de Artes, na categoria de literatura iniciante, só tinha quatro vagas. Foi incrível a sensação quando soube que fomos aprovados em 2023. Uma produção editorial independente não é simples, então foi ótimo poder contar com o apoio financeiro do edital.

Eu sei que algumas crianças já tiveram contato com a obra através de contações de história. Como foi a reação delas ao livro?

Foi muito gratificante acompanhar as contações do meu livro em escolas (três) e bibliotecas públicas (duas). Recebemos cerca de 200 crianças nos cinco momentos, com alunos do 3º ao 6º Ano, adorei como o texto contemplou bem os públicos. A história cativou e prendeu a atenção da maioria. Tivemos boas interações com as crianças, elas perguntaram e me deram inclusive ideias para modificar o texto original. No meu texto eu chamava o gato de bigodes, e alguém falou que tinha um gato chamado cuscuz. Achei ótimo e tratei de mudar. Acho até que é uma boa ideia para quem for escrever um livro infantil, testar o livro com as crianças antes de finalizar a produção dele, certeza que vão sair ótimas críticas e questionamentos. Em outro trecho, explicamos que o nome da personagem Celeste foi escolhido por causa de uma cobra que tinha em um programa de TV, teve uma menina na plateia que ficou indignada porque a mãe quis dar o nome de uma cobra para a filha. Claramente a geração jovem não teve contato com Castelo Rá-Tim-Bum. Em compensação, quando citamos K-pop rolou um burburinho geral. Em uma das contações, uma criança me procurou no final e disse “Por que você não escreve um livro sobre um menino com TDH?”, agradeci a boa ideia dele e disse que ia pesquisar sobre o assunto. Tal hora estou recebendo encomendas dos meus leitores.

As ilustrações são um dos pontos fortes da obra, como você e a Raquel (ilustradora do livro) construíram elas?

A Raquel Silva é uma artista incrível, sou apaixonada pelo trabalho dela. Para a criação das personagens conversamos bastante, peguei fotos de pessoas reais, umas próximas e outras nem tanto, eu queria algo bem representativo, com a cara da nossa gente. E o resultado foi melhor do que o esperado. Ela estudou novas técnicas de aquarela digital, utilizou pinceis diversos, criou uma paleta específica para apresentar ao público como é a visão da Celeste. Aproveitando do fato que somos amigas-comadres-vizinhas, tivemos vários encontros para combinar e validar os processos de rascunho e finalização das artes.

Só por curiosidade, tem spoiler dos próximos projetos?

Sim, escrevi meu próximo livro. Ainda na pegada da inclusão, vai ser sobre uma criança com autismo. Foi difícil no começo porque só tenho a vivência com algumas pessoas com TEA, mas contei com a análise de uma profissional da área, e isso me deu confiança para levar o projeto adiante e inscrever no próximo edital que aparecer.

E pra terminar, como as pessoas podem adquirir teu livro? Vai ter evento de lançamento?

No momento estou fazendo a pré-venda dele, os exemplares impressos podem ser comprados diretamente comigo ou com a minha ilustradora (a Raquel Silva). Já o e-book pode ser adquirido no site Clube de Autores. A versão digital foi feita na versão ePub3, pensando justamente na utilização de softwares de leitura para facilitar a inclusão digital de pessoas com deficiências visuais. Apresentamos o livro em alguns eventos, no Kuya e no SANA, mas o lançamento oficial vai acontecer no dia 05 de setembro de 2024, às 18h, na Biblioteca Pública do Estado do Ceará (BECE). Essa data foi escolhida em alusão ao Dia Mundial do Daltonismo, que é comemorado dia 06 de setembro.

É isso, pessoas! Agora que vocês já conhecem a autora e a obra, tratem de acompanhar as novidades do projeto no Instagram @olivrodaceleste. A obra já está cadastrada na Velha Estante e no Skoob. Nos encontramos no evento de lançamento, dia 05 de setembro de 2024, às 18h, na Biblioteca Pública do Estado do Ceará (BECE). A atividade é gratuita. Até lá! 😉