Tabela PHA: história e modos de usar

As bibliotecas adotam variados sistemas de classificação e organização para seus acervos. Mesmo com as variações nesses sistemas é comum que cada obra do acervo possua um número de chamada. Segundo Cunha e Cavalcanti (2008, p. 263) esse número é o “conjunto de símbolos que identificam cada um dos itens do acervo e permitem seu arranjo nas estantes […]”. O número de chamada, normalmente, é composto pelo número de classificação (CDD, CDU, por exemplo) e pelo número correspondente ao sobrenome do autor.

O número que corresponde ao ponto de acesso principal – normalmente, o sobrenome do autor – e que ajuda a formar a notação de autor é extraído de sistemas (listas) alfanuméricos específicos. O mais famoso desses sistemas é a Tabela Cutter-Sanborn ou simplesmente Tabela Cutter. Essa tabela, adotada em bibliotecas do mundo inteiro, foi elaborada pelo bibliotecário Charles Ammi Cutter tendo por base os sobrenomes de língua inglesa. Isso não impede que, apesar das diferenças linguísticas, essa tabela seja adotada por bibliotecas de países que não tem o inglês como língua oficial.Foi tentando minimizar as discrepâncias linguísticas que Heloisa de Almeida Prado elaborou uma tabela de notação de autor, baseada na Tabela Cutter e adaptada as peculiaridades da língua portuguesa. Denominada de Tabela PHA (sigla elaborada a partir do nome da autora), essa tabela teve sua primeira edição em 1964 e encontra-se na terceira edição, originalmente, publicada em 1984.

Quanto a estruturação,  na Tabela PHA existem “[…] duas colunas de letras, alfabeticamente dispostas, tendo no centro uma numeração crescente, de base decimal, que serve para dar símbolo a ambas as colunas.” (PRADO, 1984, p. 02). O uso da Tabela PHA é simples. Encontre na tabela o grupo de letras correspondente as primeiras letras do ponto de acesso principal (nome do autor, título e etc.) e verifique o número a ele correspondente.

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Detalhe da numeração da Tabela PHA

Note na imagem ao lado que sobrenomes iniciados por Caet e por Baer vão compartilhar o mesmo número na Tabela PHA (no caso, o 131), ficando a diferença na notação por conta das iniciais dos sobrenomes dos autores e do título da obra. Ou seja, teremos Caetano = C131 e Baer = B131.

A principal vantagem da Tabela PHA é que ela possui desdobramentos para os sobrenomes mais comuns em língua portuguesa, o que acaba por ampliar a variação da notação de autor. Vamos a um exemplo! O sobrenome Cabral possui seis desdobramentos (conforme destacado na imagem). Isso só é possível porque, além do sobrenome em si, a primeira letra do nome do autor foi levada em consideração no momento de elaborar as associações alfanuméricas. Assim temos:

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Detalhe da PHA destacando as variações de notação para o nome “Cabral”

Cabral, Antônio = Cabral = C117

Cabral, João = Cabral J = C119

Da mesma maneira que na Tabela Cutter, na PHA quando as primeiras letras do nome não ocorrerem na tabela, deve-se utilizar as letras mais próximas anteriores na ordem alfabética. Assim temos: Cabral, Napoleão = Cabral M = C12.

Na graduação e nos estágios que realizei utilizei a Tabela Cutter, mas quando cheguei no meu atual trabalho precisei começar a trabalhar com a Tabela PHA e foi uma transição tranquila. As regras para uso de ambas as tabelas são praticamente as mesmas e as diferenças ficam, basicamente, por conta da existência da maior quantidade de variações e  desdobramentos para os sobrenomes em português existentes na Tabela PHA. Na terceira edição desta tabela há uma série de explicações, acompanhadas de exemplos, sobre seu uso.

Se você procura mais informações sobre notação de autor essa apresentação de slides é um bom lugar para começar. Mais informações sobre uso da Tabela Cutter podem ser consultadas aqui. E a Thalita Gama fez uma postagem comparando as duas tabelas. Aproveitem os textos, bons estudos e até a próxima postagem.

REFERÊNCIAS

CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008. 451 p.

PRADO, Heloisa de Almeida. Tabela ‘PHA’: para individualizar os autores dentro das diversas classes de assunto, isto é, dentro dos mesmos números de classificação . 3. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. 109p.

 

6 respostas em “Tabela PHA: história e modos de usar

  1. Oi, Amélia!
    Obrigada pela visita.
    Conforme dito na postagem “[…] quando as primeiras letras do nome não ocorrerem na tabela, deve-se utilizar as letras mais próximas anteriores na ordem alfabética”. No caso da sua pergunta, seria C117.
    Não tem o C118 na tabela que você está usando? Se existir, é ele que você utilizará.

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  2. Esclareça essa dúvida por favor?

    Ida Cabral, qual é o correto, ela vai na letra C117 ou C119 uma vez que I vem antes de J e está bem perto do mesmo.

    Cabral, Antônio = Cabral = C117

    Cabral, João = Cabral J = C119

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  3. Oi, Eluene!
    Obrigada pela visita.

    Se eu entendi bem a sua pergunta você quer saber como ficaria a definição do Cutter/PHA no caso de obras com mais de um autor, correto?

    Nesses casos temos que ir além da PHA e vê qual a entrada principal da obra.

    Em obras com até 3 autores, o primeiro deles será a entrada principal e, portanto, o Cutter/PHA será elaborado a partir dele.
    Já em obras com mais de 3 autores a entrada principal será o título e ele será o critério para elaborar o Cutter/PHA.

    Se você tiver dúvidas sobre como estabelecer a entrada principal de uma obra pode consultar, além do AACR 2, manuais de catalogação, pois como eles costumam ter vários exemplos o entendimento das normas fica mais simples.

    (Se eu entendi sua pergunta errado me avisa, ok?)

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  4. Nossa, que legal!
    Sempre fico muito contente quando tenho feedbacks de vocês sobre as postagens e o seu me deixou tão alegre quanto curiosa. Poderia falar mais sobre esse projeto?

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Comentários

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